sábado, 20 de junho de 2009

As belas ironias da vida

Sempre acreditei nos acasos da vida. Sou racional para poucas questões, uma delas acreditar em simples coincidências, ironias da existência. Os recentes acontecimentos em meu roteiro muito surreal provam que existe algo que ultrapassa o pragmatismo, deixando a banal crença exclusiva na ciência. Aliás, nesse sentido sempre fui uma grande farsa. Inclusive, percebo que muitos pseudo intelectuais e ateus têm imensa ojeriza de quem admite crença nos caminhos, encontros e desvios do destino. Ok, poderia entrar em uma discussão mais profunda (de fundo metafísico), mas sinceramente este espaço não possui tal serventia (pelo menos atualmente, quando me encontro em estado de urgência pela leveza). Já sofri em demasia por autocobranças, como se repudiar o senso comum me colocasse em um patamar privilegiado, em uma espécie de soberania oca. De uns meses pra cá continuo admirando os existencialistas, amando Bergman, mas procuro ser mais dosado em minhas pirações. Há algumas semanas vivo em honeymoon comigo, no epílogo de meus 28 anos finalmente consigo identificar os muitos erros cometidos em tempos recentes, mas valorizo os acertos, comemoro-os, pois eles trazem frescor e autoestima (inferno astral com cara de paraíso). Há poucos dias iniciei um novo relacionamento e sinto grande paz nessa nova história (evidentemente já houve atritos, caso contrário não honraria meu canceriasmo!). Mais um recomeço no qual percebo que o destino está favorável a mim. É evidente que não devemos esperar reações de nossas atitudes bocejando com os programas vespertinos da TV aberta (sempre me diverti com as receitas da Palmirinha Onofre - risos), a rua nos espera. Claro que há qualidades inegáveis dos dois lados, mas aos poucos identifico claramente como viver a serenidade do amor. Outra convenção destronada é a necessidade de longos meses, anos para soltar o sonoro "Eu te amo". Não usarei um dos piores clichês do romantismo rasteiro "Escute seu coração", até porque quem comanda este órgão é o esquecido e pouco celebrado cérebro (ok, isso é óbvioooo - risos), mas é necessária seguir calendários para ser sincero contigo e com a pessoa amada.

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Os recomeços diários

Retomo este blog após alguns meses tenebrosos. Os textos que poderiam estar aqui encontram-se em um singelo caderno devidamente guardado em uma estante - lá faço anotações quase diárias, em uma diversidade temática descomunal, mas uma unidade: as camadas da dor e do amor sempre presentes. Ok, não só um fenômeno de popularidade no universo cibernético (meu devaneio anterior só teve uma leitora, em compensação, trata-se de uma leitura mais do que especial e fiquei privilegiado e comovido com a mensagem da Luciene). Como a cada dia saio de minha condição de misantropia gostaria de ter novos leitores. Beleza, vamos seguir com mais um recomeço. Essa questão do recomeço tem dominado minhas reflexões atuais. Personagens tão díspares como Ferreira Gullar e Rita Lee deram declarações semelhantes sobre a reinvenção diária a que todos nos submetemos ao acordar para encarar o cotidiano, ou seja, recomeçamos constantemente, mesmo que estejamos com outras pessoas, em paisagens diferentes, climas distintos. Portanto, meus caros amigos, não há tempos desperdiçados e "Viver Sem Tempos Mortos" (título do necessário espetáculo com a Fernanda Montenegro) mesmo quando se fica hospitalizado ou se perde alguém, o renascimento está atado a todos nós. Ok, é um "pinto" de vista, contudo seguir essa corrente causa enorme bem a esse canceriano tão sentimento! Prometo a mim que não te abandonarei, já penso nas próximas tentativas de sair dessa Poética do não-ser!